Por Tiago Mendonça
O GP de Abu Dhabi de 2025 fechou a temporada da Fórmula 1 com uma combinação rara de tensão esportiva e peso histórico. Em uma corrida marcada pelo controle estratégico, Max Verstappen fez tudo ao seu alcance para buscar o pentacampeonato: garantiu a pole position, comandou a prova de ponta a ponta e encerrou o domingo com mais uma vitória.
Mas, desta vez, nem a atuação impecável do piloto da Red Bull foi suficiente para impedir a consagração do novo campeão. Lando Norris, que chegou a Yas Marina como líder do campeonato, administrou a corrida com inteligência, cruzou a linha de chegada em terceiro e assegurou o primeiro título mundial de sua carreira — e o primeiro da McLaren desde 2008.
Oscar Piastri, também da McLaren, completou a corrida em segundo lugar, com direito a uma bela ultrapassagem sobre Norris na primeira volta. Embora ainda tivesse chances matemáticas de brigar pelo título, o australiano desempenhou papel mais estratégico do que protagonista na disputa final, ajudando a McLaren a manter Verstappen sob vigilância durante os momentos-chave da corrida.
A matemática final da temporada evidenciou a dimensão da disputa: Norris terminou o campeonato com 423 pontos, apenas dois à frente de Verstappen, com 421. Piastri, que liderou parte do ano, fechou a classificação geral em terceiro, somando 410.
No restante do pelotão, a corrida teve destaques importantes. Charles Leclerc levou a Ferrari ao quarto lugar, com George Russell em quinto para a Mercedes. Fernando Alonso terminou em sexto com a Aston Martin, seguido por Esteban Ocon, sétimo com a Haas. Lewis Hamilton protagonizou uma das principais recuperações da noite: após largar em 16º, o britânico escalou o pelotão e fechou em oitavo em sua temporada de estreia pela Ferrari. Nico Hülkenberg e Lance Stroll completaram o top 10.
O brasileiro Gabriel Bortoleto encerrou o ano em 11º. Após um fim de semana consistente pela Sauber, ficou muito próximo da zona de pontuação. Largou bem, manteve ritmo estável e se aproveitou das janelas de pit stop, mas não encontrou espaço para avançar mais no stint final. Apesar disso, deixou Abu Dhabi com sensação de progresso em seu primeiro ano completo na categoria.
A noite, porém, pertenceu a Norris. Visivelmente emocionado após o pódio, o britânico admitiu ter sido surpreendido pela própria reação: “Faz tempo que não choro. Não achei que fosse chorar, mas chorei”, disse. “Foi uma longa jornada. Antes de mais nada, quero agradecer muito à minha equipe, a todos na McLaren. Meus pais… Eles me apoiaram desde o início.”
Em meio às comemorações, o novo campeão fez questão de reconhecer o peso da disputa: “Agora eu sei um pouco como o Max se sente. Quero parabenizar o Max e o Oscar, meus dois maiores concorrentes durante toda a temporada. Aprendi muito com ambos. Foi um ano longo, duro, mas conseguimos, e estou muito orgulhoso de todos.”
O título também marcou um momento pessoal para Norris, que chegou à Fórmula 1 pela própria McLaren após anos de formação dentro do programa de jovens pilotos. “Sonhei com isso por muito tempo. Muita coisa acontece numa temporada, muitos altos e baixos, mas nada disso importa quando você chega aqui. Nos últimos sete, oito anos eu vivi minha vida dentro desse time, e hoje conquistamos isso juntos. Nos últimos 16, 17 anos da minha vida, tenho tentado alcançar este sonho.”
Por fim, o britânico destacou a sensação de retribuir à equipe que o acompanhou desde a adolescência: “Passamos por momentos difíceis e bons momentos. Sentir que pude devolver algo à McLaren, sendo este o primeiro título de pilotos em tantos anos, me deixa muito orgulhoso. Mais ainda por ver tanta gente emocionada comigo.”
Legenda: Norris vence o campeonato Mundial
Foto: Pirelli



