Por Tiago Mendonça
No domingo, Interlagos viveu mais um capítulo daqueles que ajudam a construir a mística do Autódromo José Carlos Pace. Com arquibancadas cheias e público recorde de 303.627 pessoas nos três dias, Lando Norris venceu o GP de São Paulo de 2025 e deu um passo importante rumo ao título mundial. O britânico da McLaren largou na pole, controlou a maior parte da prova e soube administrar a pressão em uma corrida cheia de incidentes, estratégias alternativas e reviravoltas típicas da pista paulistana.
Logo nas primeiras voltas, Norris manteve a liderança, mas jamais pôde relaxar. A Mercedes apareceu com força nas mãos do jovem Andrea Kimi Antonelli, que aproveitou bem o ritmo consistente do carro e os momentos de neutralização para se firmar na segunda colocação. Mais atrás, Max Verstappen iniciava uma jornada de recuperação improvável: largando do pit lane, o holandês da Red Bull precisou escalar o pelotão, lidando com tráfego intenso, um pneu furado no começo da prova e decisões de estratégia arriscadas que, volta a volta, o recolocaram na disputa pelo pódio.
A corrida também foi marcada por um forte impacto no campeonato. Oscar Piastri, principal adversário de Norris na briga pelo título, se envolveu em um incidente com Antonelli e foi punido, perdendo terreno e pontos preciosos. Este mesmo incidente no “S do Senna” tirou Charles Leclerc da corrida. A Ferrari, aliás, viveu um domingo para esquecer, inclusive com um erro de Lewis Hamilton, que bateu na traseira de Franco Colapinto em plena reta dos boxes no momento de intervenção do safety-car virtual.
Nesse cenário de caos controlado, Norris mostrou maturidade: administrou o desgaste dos pneus, reagiu bem após os períodos de safety-car e impôs um ritmo que, mesmo sem ser absolutamente dominante, foi suficiente para mantê-lo fora do raio de ação direto dos rivais.
Na bandeirada, Norris cruzou em primeiro, com Antonelli em segundo – conquistando o melhor resultado da carreira na Fórmula 1 – e Verstappen em terceiro, coroando uma das grandes recuperações da temporada. Ao descer do carro, o britânico resumiu o sentimento: “Para ser sincero, nem acho que fomos o carro mais rápido hoje, mas fizemos tudo certo quando importava. Levar essa vitória em Interlagos, com esse público, é especial demais.”
Norris aproveitou para dedicar a vitória ao piloto brasileiro Gil de Ferran, ex-dirigente da McLaren, que morreu ao final de 2023. Gil foi peça fundamental na retomada de desempenho da equipe, que havia começado aquele ano de 2023 com sérios problemas de projeto e surgia como a mais lenta entre todas as equipes.
Antonelli, ainda surpreso com o resultado, reconheceu que a sorte também teve papel importante: “Fui muito sortudo por conseguir continuar depois do toque [com Piastri e Leclerc]. Preciso até rever o carro com calma, mas estou feliz por entregar esse pódio para a equipe.”
Já Verstappen celebrou o estrago minimizado depois de um início de prova dramático: “Nosso ritmo estava muito forte. Largar dos boxes, ter problema no começo e ainda terminar a cerca de dez segundos do líder é um resultado incrível.”
Com o triunfo em São Paulo, Norris abre vantagem confortável na classificação do Mundial de Pilotos. Ele agora aparece na liderança com folga, somando 24 pontos a mais do que Piastri, enquanto Verstappen se mantém vivo mais pela matemática do que pela realidade em pista. A diferença para Verstappen é de 49 pontos, com apenas mais 83 em jogo nas três etapas restantes.
A próxima etapa é o GP de Las Vegas, no dia 22 de novembro.
Legenda: Norris comemora vitória em Interlagos
Foto: McLaren

