Apesar de um consumo ainda resiliente e de um mercado de trabalho aquecido, o cenário macroeconômico brasileiro apresenta sinais de desaceleração. O relatório Radar Macroeconômico do Departamento Técnico e Econômico da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) destacou alguns pontos que contribuíram para esse cenário.
No início de 2025, as expectativas de mercado para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apontavam para uma variação de 2% em relação ao ano anterior, segundo o relatório Focus. Entretanto, após o segundo semestre, tais projeções foram revisadas para 2,2%, refletindo a incorporação de novos dados de atividade econômica. Para 2026, as estimativas indicam avanço mais moderado, em torno de 1,8%. A desaceleração esperada para o PIB em 2025, ocorre em um contexto macroeconômico complexo e multifacetado.
Entre os fatores que compõem essa visão estão: o mercado de trabalho dinâmico, com taxa de desemprego em níveis historicamente baixos e elevação da renda média real sustentando o consumo; a inflação ainda elevada, resultado do trade-off entre forte nível de emprego, pressões de demanda e choques específicos de oferta; juros altos; arrefecimento do investimento privado devido ao maior custo de capital e ao ambiente de crédito mais seletivo; aumento do custo de carregamento da dívida pública; desvalorização cambial; e maior turbulência no cenário global.
Esses fatores se refletem em indicadores recentes. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) dessazonalizado, considerado um indicador antecedente do PIB, registrou 108,4 pontos em setembro, representando queda de 0,2% em relação ao mês anterior e de 0,9% no trimestre. Por setores, a agropecuária recuou 4,5%, a indústria 1% e os serviços 0,3% no trimestre.
A taxa de desocupação alcançou 5,6% no terceiro trimestre de 2025, mantendo-se no menor nível desde o início da série histórica, em 2012. Dados mais recentes indicam nova queda, para 5,4%, no trimestre encerrado em outubro.
A taxa de inflação, medida pela variação acumulada em 12 meses do IPCA, ficou em 4,68% em outubro de 2025. Apesar da desaceleração em relação aos meses anteriores, o indicador permanece acima do limite superior da meta de inflação, de 4,5%. Diante das pressões inflacionárias, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, na reunião de outubro, manter a taxa Selic em 15% ao ano pela quarta reunião consecutiva, em linha com a estratégia de convergência da inflação para a meta. O Comitê também indicou que a taxa deverá permanecer nesse patamar por um período prolongado.
Quanto ao câmbio, o dólar teve cotação média de R$ 5,39 em outubro, refletindo valorização frente ao real, principalmente devido à intensificação das tensões comerciais entre Estados Unidos e China. No entanto, no início de novembro, o anúncio de um acordo comercial envolvendo redução de tarifas contribuiu para atenuar parcialmente essas pressões bilaterais. Adicionalmente, a deterioração das contas públicas brasileiras tem ampliado as preocupações quanto à capacidade do país de cumprir seus compromissos fiscais, fator que exerce pressão adicional sobre o câmbio.
Para maiores informações, clique na imagem abaixo para acessar o relatório. Mais dados sobre a economia e o setor agropecuário estão disponíveis no Painel de Dados do portal da Faesp.
Fonte: Faesp


