Por Tiago Mendonça
Na quinta-feira, 6 de novembro, o paddock de Interlagos ganhou o clima típico de um fim de semana decisivo na Fórmula 1. A poucos dias de um GP que pode alterar o curso do campeonato, os principais pilotos deixaram claras suas posturas, tensões e estratégias. Lando Norris chega ao Brasil liderando por apenas um ponto sobre Oscar Piastri, enquanto Max Verstappen encostou de vez na briga, 36 pontos atrás.
O ambiente refletia exatamente essa configuração: olhares firmes, respostas milimétricas e uma atmosfera de concentração absoluta. Verstappen foi um dos primeiros a falar, exibindo a serenidade habitual. Questionado sobre a reta final do campeonato, foi direto: disse que encara Interlagos como uma chance real de seguir no ataque e afirmou que costuma render ainda mais quando as circunstâncias exigem precisão extrema.
Embora não tenha entrado em detalhes estratégicos, deixou claro o espírito do momento: “Estou aqui para pressionar. Ainda há oportunidades e vou aproveitá-las.” O holandês também reagiu às falas que apontam surpresa com sua retomada, dizendo que nunca se afastou do foco ou da competitividade.
Logo depois, Norris conversou longamente com a imprensa. O britânico mostrou postura confiante, mas sem esconder a pressão de liderar uma disputa tão apertada. Ao comentar a recuperação recente da Red Bull, foi enfático: “Não estou surpreso com a volta da Red Bull e do Max Verstappen. Muito pelo contrário.” Reforçou que Interlagos exige execução impecável e afirmou que sua postura será de consistência máxima: “Temos um carro forte, mas precisamos fazer tudo bem. Cada detalhe conta, especialmente agora.” O discurso refletia um equilíbrio entre cautela e determinação.
Oscar Piastri apareceu mais incisivo do que nas últimas etapas. Ele próprio reconheceu a necessidade de reagir após perder terreno na tabela e confirmou a mudança de postura: “Vou ser muito mais agressivo. Sei que ainda tenho totais condições de recuperar a liderança.” O australiano falou com honestidade sobre a pressão, mas disse que pretende canalizá-la para o desempenho em pista: “Interlagos sempre oferece oportunidades. Se eu fizer meu trabalho, tudo ainda está em aberto.”
Entre os destaques do dia, o brasileiro Gabriel Bortoleto viveu o primeiro grande momento diante da imprensa nacional como piloto da casa. O estreante adotou um tom equilibrado ao falar sobre a emoção de correr em Interlagos: “Obviamente há mais expectativa, mais ansiedade de todos os lados. Mas, no fim das contas, é uma corrida que oferece os mesmos pontos.” Ele frisou que sua experiência no circuito é limitada, lembrando a única participação no traçado em uma prova de Stock Car. Ainda assim, transmitiu segurança: quer absorver o máximo, trabalhar com calma e entregar o melhor possível diante do público brasileiro.
O primeiro dia de entrevistas em Interlagos deixou claro o cenário que se desenha para o fim de semana: Verstappen chega em modo ataque, Norris tenta administrar a liderança sob crescente pressão, Piastri prepara uma reação mais agressiva e Bortoleto vive o fascínio — e a responsabilidade — de correr em casa.
Nesta sexta-feira, 7, o primeiro treino livre está marcado para 11h30. Depois, às 15h30, tem a classificação para a corrida sprint.
Legenda: Piastri prepara uma reação
Foto: McLaren

